15 de dez. de 2009

Afaste-se, reservado


Hoje senti saudade. Senti mesmo, ela estava lá sentada ao meu lado me fechando num abraço e contando nossas histórias. Seu peito era doce, encostei-me e ela fazia questão de que eu a sentisse da forma mais pungente possível. Sentia-te distante, mais até do que quando não nos conhecíamos. Não voltarias, ao contrário do que fora combinado previamente. E eu tentava conformar-me, mas a saudade não deixava. E cada vez que outro alguém preenchia em mim o vazio que deixaste, era ela quem fazia questão de com as próprias mãos pegar a pá que cavaria no meu peito o vazio de um metro e setenta ao qual te encaixarias perfeitamente. ‘É o vazio dele, você não tem o direito de deixar que o preencham assim’, dizia-me ela. E eu com obediência afastava tudo o que pudesse ocupá-lo. E ali estava sólido teu lugar, com uma plaquinha com os dizeres ‘Afaste-se, reservado’, esperando por ti feito o cão que sem saber que o dono fora assassinado a caminho de casa, esperava contente na calçada que ele chegasse, fizesse-lhe um cafuné gostoso e abrisse a porta.

 Luz 

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