2 de mai. de 2010

Inocência das Minas Gerais


 Banhei-me certa vez num rio em Minas Gerais e apaixonei-me por aquelas águas límpidas e correntes que só vi lá. E por corrente serem, só as vi uma vez, pois continuaram seu ciclo infinito e eu, o meu. Já havia aceitado que a vida é assim mesmo, são desencontros, que tudo vem e tudo passa, inclusive as águas do São Bento.
 Anos depois, vim ao Rio de Janeiro e não encontrei o tal Rio nascido em Janeiro, mas vi algo muito maior: o mar. E o mar era traiçoeiro, não me tratava da forma serena que o rio fazia. Empurrava-me por cima, puxava por baixo e queria, a todo custo, levar-me com ele. Que surpresa não tive ao ver naquele gigante as águas que conhecera no bebê em Minas Gerais. As mesmas águas que me acariciaram na infância agora me trapaceavam e tentavam tomar-me para si. Fiquei pensando na quantidade de coisas e pessoas que essas águas não tiveram que enganar para tornarem-se este único gigante. É o modo como muitos crescem, e quem sou eu para julgar? O correto é relativo, cada um traz em si os valores que sua vivência lhe deu.   
Deixo a ingenuidade em Minas Gerais e venho então crescer no Rio de Janeiro, como as águas do São Bento, o pouquinho de Minas que o mar tem o privilégio de possuir.

“Mar, não chores mais, só eu sei o quanto é triste, mar, ficar longe das Minas Gerais...”
Luz

1 Mississipi:

CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos) disse...

Gabriela,
Já dissera o sábio, com cachoeiras de razão: é impossível atravessar o mesmo rio duas vezes...
Passe no Canto Geral para navegar um pouquinho nas homenagens que planto por lá...

Abraço mineiro,
Pedro Ramúcio.