Consciência Limpa

Estive pensando no homem, no mundo, nos problemas do relacionamento homem/mundo. Comecei a concluir que o mundo está ficando cada vez mais perdido. Não importa que eu deixe de comer carne para salvar a vida de uns poucos animais, não adianta eu deixar de jogar o papel da minha bala no chão, é inútil que eu demore menos no banho porque a água do planeta está acabando. O mundo não vai ser mais bonito porque eu sorri pra alguém hoje. O mico-leão-dourado não vai deixar de entrar em extinção porque eu não comprei uma bolsa com sua pele. E diante de todas essas catástrofes, as pessoas me perguntam por que eu ainda continuo mudando os meus hábitos, já que é praticamente impossível essa minoria pensante mudar um planeta com uma população aproximada de 6,5 bilhões de pessoas. Respondo algo com o menor número de palavras possível, pra não me desgastar com quem não merece. Eu simplesmente tenho a minha consciência limpa, e sei que estou contribuindo para melhorar as coisas. Mas se a ignorância domina o bicho homem, não direi que o problema não é meu. Porque a ignorância dos outros de certa forma me atinge, mas pouco eu tenho a fazer. E eu sei que esse pouco que eu estou fazendo, está mudando a realidade de alguns de alguma forma.

Não sei se conhecem, mas gostaria de compartilhar esta linda fábula que se trata do assunto citado anteriormente:

História do Beija-Flor

Era uma vez uma floresta num lugar longínquo, onde o Homem ainda não tinha chegado. Nessa floresta viviam muitos animais de diferentes espécies, tamanhos, cores e feitios. Certo dia, houve um incêndio, um grande incêndio, como nunca antes havia sido visto. Perante a tragédia, o pânico instalou-se. Os animais fugiam num alvoroço, cada um procurando, da melhor forma possível, fugir às chamas, ao fumo sufocante e ao intenso calor que se fazia sentir, só pensando em colocar-se a salvo o quanto antes.
Mas naquele cenário caótico, de desespero e medo coletivos, um pequeno animal teve um comportamento diferente. Na sua fragilidade, na sua singela figura, um beija-flor voava até ao lago e, com o seu pequenino e aguçado bico, recolhia, uma a uma, lenta, mas persistentemente, gotinhas de água atrás de gotinhas de água, que ia depois deixando cair sobre o incêndio que lavrava cada vez mais descontrolado.
Outro animal, observando intrigado o comportamento do pequeno beija-flor, interrompeu a sua fuga e perguntou:
- Beija-flor, mas tu estás louco? Porque te arriscas assim? Tu achas verdadeiramente que vais conseguir apagar o incêndio dessa forma?
O Beija-flor respondeu então:
- Não. Claro que não, eu sei que o meu pequeno esforço não será suficiente para apagar este incêndio tão grande, mas eu estou apenas a cumprir a minha parte!